Quando se fala em tempo de espera por um coletivo, estamos entrando na área de planejamento desse tipo de transporte. Porque não aumentar o número de carros e como consequência diminuir o tempo de espera para se conseguir embarcar e seguir seu destino?
Os gestores públicos da área de trânsito e transporte sempre argumentam que aumentar a frota de ônibus não vai resolver. Verdade. Deve-se, antes de mais nada, promover ações para melhorar a velocidade dos coletivos, diminuindo assim, o tempo de viagem de cada carro, podendo, com isso, estabelecer intervalos regulares entre eles.
Os corredores de ônibus em São Paulo, Curitiba e mais recentemente em Brasília-DF, foram extremamente bem sucedidos para o usuário desse tipo de transporte, com significativo aumento da velocidade das composições e consequente diminuição do tempo de viagem das linhas usuárias desses corredores. No entanto, para os carros de passeio que tiveram uma faixa da pista de rolamento segregada exclusivamente para os coletivos, a situação piorou e muito com mais congestionamento e mais tempo no trânsito.
Apesar de bem sucedida para os milhões de usuários do transporte coletivo em massa, para aqueles que utilizam o automóvel como transporte, virou um verdadeiro desastre e geraram acirrados debates entre políticos, sindicatos e outras categorias, cada uma defendendo seus interesses. Debate esse alimentado, principalmente, pelos donos de veículos de passeio que foram colocados em segundo plano em detrimento da priorização do transporte coletivo.
Assim como os gestores políticos, centenas e milhares de usuários de veículos de passeio que se utilizam desse meio para ir e vir, nunca, em momento algum, teve a experiência ou a necessidade de se locomover através do transporte coletivo.
Em Nova Iorque, é comum ver o Sr Michael Bloomberg, multimilionário no seu terceiro mandato como prefeito dessa cidade, seguindo de metrô para a prefeitura todos os dias.
Em Londres, o ex-prefeito Ken Livingstone era visto dentro do metrô a caminho da prefeitura lendo seu jornal ou algumas de suas anotações.
O atual prefeito de Londres, Boris Johnson é sempre visto pedalando sua bicicleta para a prefeitura e é o responsável pela implantação de novas ciclovias pela cidade e mentor do recente sistema de aluguel de bicicletas.
Os cidadãos brasileiros deveriam perguntar, antes de votar, o que os nossos governantes têm de tão “especial” que os fazem tão diferentes dos outros três governantes das duas principais capitais do mundo que são tão “comuns”?
Enquanto nossos prefeitos e seus técnicos não tiverem a coragem e disposição para “andarem” com os coletivos, enfrentarem os congestionamentos e verificarem “in loco” os gargalos do trânsito que resultam nos grandes congestionamentos nossa situação não irá mudar em nada.
Na maior metrópole do país, São Paulo, o prefeito atual está tentando mudar os hábitos centenários da população implantando ciclovias e ciclo faixas no intuito de fazer com que seja inserida no contexto da mobilidade urbana, a bicicleta. Não tem tido o êxito esperado porque tudo foi feito às pressas, sem estudo prévio do número de usuários, trajeto e outros itens técnicos a serem considerados. Pintadas e segregadas as faixas exclusivas foram feitas de maneira aleatória sem levar em conta e topografia e o trajeto, sem sinalização adequada e sem nenhuma tecnologia que abunda no exterior para esse tipo de modal. O fechamento das grandes e principais avenidas para o lazer também é outro ponto bastante controverso que está incomodando muita gente que mora nelas e no entorno o que tem causado discussões acaloradas.
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