A massificação do uso desses veículos trouxe mudança nos valores culturais, no conceito de distância, entre espaço e tempo, cidades e países, nas relações humanas, nos avanços tecnológicos e científicos e finalmente nos padrões do comportamento humano e social.
Todas essas mudanças que tiveram início naquela época (1886) que refletiram importantes avanços desenvolvimentistas trouxeram, também, problemas graves como alterações ecológicas, ruídos, redução do espaço para os pedestres e principalmente acidentes que perduram até os dias de hoje.
Essas questões mobilizam a sociedade para encontrar soluções na Psicologia e demais ciências que dentro dela, têm a disciplina que estudam o comportamento humano no trânsito.
Os estudos da psicologia aplicada aos transportes terrestres foram iniciadas com o surgimento das ferrovias e só então aplicadas aos veículos automotores sobre rodas nos meados do século XX precisamente na década de 1920.
Em 08 de junho de 1953 O CONTRAM aprovou uma resolução que tornou obrigatório, em todo o País, o Exame Psicotécnico que somente o estado Minas Gerais pôde cumpri-la, pois só ela havia instalado o Gabinete de Psicotécnica de Trânsito.
O precursor da aplicação da psicologia, ainda por profissionais não especializados, foi o setor de transportes que deu origem, nesse sentido, ao campo de atuação da psicologia do trânsito. Isso caracterizou a primeira etapa histórica onde foram criadas várias instituições de seleção e treinamento industrial e de trânsito tais como o IDORT, CFESP, SENAI entre outros, todos eles sob a direção de Roberto Mangue, considerado o expoente da Psicologia de Trânsito no Brasil (Carelli, 1975).
“Esta tradição marca uma das primeiras competências profissionais de intervenção legalmente regulamentada e mantida ao longo de toda a História da psicologia no Brasil (Hoffmann, 1995).”
Ref.: Maria Helena Hoffmann, Roberto Moraes Cruz, João Carlos Alchieri.
Parabéns por todos os esforços desde a aprovação da profissão até a aplicação efetiva de algum instrumento de avaliação do aspirante a condutor autorizado. Entretanto os exames aplicados até nos dias de hoje se limitam à natureza instrumental da personalidade e das habilidades e em muito menor grau aos acidente de trânsito, isto é, o processo da psicologia relacionado ao comportamento do condutor no trânsito e sua relação com outros fatores ambientais não são considerados nesses testes.
Cursos em nível de pós-graduação, núcleos de pesquisas diversos foram criados em Universidades, pois a psicologia do trânsito está intimamente ligado à figura desse profissional e são realizados Congressos de Psicologia no Trânsito e muitas outras teorias mais como o “Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito” pela empresa Volvo do Brasil – Motores e Veículos S.A. que premia os melhores trabalhos e temas de trânsito em diversas categorias.
Pergunto. Tudo isso alguma vez saiu do papel? Tudo se limita às Leis e Resoluções dos órgãos competentes e continuamos tendo bilhões em gastos com os acidentes de trânsito.
Onde estão esses profissionais premiados e pós-graduados no assunto? Escrevendo livros? Quem os lerá? Naturalmente somente os do ramo acadêmico ou alguns de órgão que regulam o assunto.
Precisamos de conscientização, treinamento, palestras voltadas ao assunto desde a mais tenra idade. As escolas não estão capacitadas para esse tipo de matéria na sua grade curricular e nem o poder público está preocupado em inseri-lo.
Parabéns aos vários DETRAN’s que estão tomando a iniciativa em se locomoverem até as mais remotas escolas para ensinarem as crianças como se comportarem no trânsito e no dia a dia da movimentação humana. Parabenizo aqui, em especial, ao esforço imprimido pela Diretora Geral do DETRAN-AC, Dra Sawana Carvalho, em ministrar palestras e conscientização das crianças Estado do Acre adentro.
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