Tal planejamento, à época, não parecia tão importante, mas com o passar dos anos a cidade tem se tornado uma grande metrópole e, segundo recente estudo, é a primeira cidade do Brasil com maior crescimento ultrapassando os 2% ao ano.
Tendo em vista o crescimento acelerado, a dependência do automóvel que representa o transporte individual é uma realidade em detrimento do péssimo transporte público coletivo oferecido pelo poder público.
É uma das poucas capitais sem estacionamento rotativo pago (motoristas estacionam gratuitamente nas vagas públicas), em função disso, muitos estacionamentos pagos estão proliferando em terrenos públicos sem a devida fiscalização para coibir tais abusos o que só é prejudicial para o funcionamento da cidade já que esses espaços poderiam estar sendo aproveitados para área de laser para atividades esportivas ou simples passeio.
O estacionamento irregular faz parte da cultura no DF: estaciona-se em locais proibidos, sobre calçadas, em frente a pontos de ônibus, bloqueando ciclovias e rampas de acessibilidade e até carros oficiais ou veículos que prestam serviço ao governo são vistos em calçadas e outros locais proibidos sem que haja fiscalização pelos órgãos competentes.
A frota brasiliense, estima-se que esteja em torno de 1,5 a 2 milhões de veículos, o que não é muito comparando com outras metrópoles. Muito se prometeu, pouco foi feito nos últimos anos.
Há alguns anos atrás, prometeu-se uma revolução na mobilidade que tornaria o DF referência no modal bicicleta. O plano ambicioso de construir a maior malha cicloviária do país até 2014 começou a sair do papel, mas as incoerências da proposta são visíveis quando se depara com a execução das tais vias, pois estão sendo construídas aproveitando o já existente espaço para a locomoção dos pedestres salvo alguns trechos que realmente estão sendo concretados para esse fim
Alguns avanços no transporte coletivo existem como a licitação do sistema de concessão, criação de faixas exclusivas para ônibus, as obras de alguns eixos de BRT (Bus Rapid Transport) Transporte Rápido por Ônibus –, muito ainda precisa ser feito.
A integração física e tarifária é um ponto nevrálgico em Brasília devido ao grande movimento interestadual por causa das cidades do entorno situado no estado de Goiás que cresceram em função da mão de obra oferecida no DF; melhorar a oferta de linhas (inclusive aos sábados e domingos); melhorar a comunicação a fim de deixar o usuário mais bem informado a respeito do sistema; treinamento dos motoristas, pois o desrespeito por parte deles para com o passageiro é público e notório; melhorar as condições de acesso com a implantação de passarelas gradeadas e cobertas, abrigos cobertos e iluminados.
As obras em Brasília tem como principal objetivo o transporte por automóvel. Compreensível até certo ponto por causa da grande distância que é necessário percorrer para resolver pequenos problemas cotidianos ou mesmo a trabalho ou para ir e vir ao trabalho, pois por ser sede de governo, é grande o número de funcionários públicos que se deslocam das cidades satélites até o plano piloto (onde se concentram os Ministérios e seus anexos).
A conversão de acostamentos em terceira pista para carros e as ampliações que desconsideram a existência de pedestres e ciclistas mostram claramente o que foi dito no parágrafo anterior. Em vez de contrapor o modelo centrado no automóvel, constata-se ação governamental no sentido de ampliar o espaço nas vias e nos estacionamentos, além da construção de túneis e viadutos, buscando-se a fluidez motorizada. As milionárias ampliações viárias (com destaque para a EPTG [Estrada Parque Taguatinga-Guará]–“Linha Verde” – EPNB [Estrada Parque Núcleo Bandeirante]) logo se tornaram, saturadas. A cidade planejada que, teoricamente jamais pararia, já está parando em vários horários. (MOBILIZE)
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