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Jornal A Gazeta do Acre

IDH x MORTES NO TRÂNSITO

12/03/2016 é o Dia: do Bibliotecário, de Santo Inocêncio I, de São Bernardo de Cápua, de São Gregório I (Papa).

Este é um tema bastante delicado e controverso, tendo em vista a não veracidade dos dados encontrados nas estatísticas apresentadas pelos órgãos competentes. Não por culpa deles (Órgãos), e sim pelos que prestam serviço de socorro.

Direto aos fatos, digo que presenciei, por ter trabalhado em concessionária de rodovias, que quando de um acidente grave com óbito, dentro do possível, os socorristas que são de empresas terceirizadas, chegando ao local do acidente, removem a vítima para o Hospital mais próximo fazendo tudo como se ela (vítima) ainda estivesse viva para não incluí-lo como óbito na rodovia. No relatório vai constar que morreu ao dar entrada no Hospital, assim não entrará na estatística da rodovia. Sim. Não deixa de ser uma morte no trânsito, mas não vai fazer parte da morte daquela rodovia para dar a impressão de que ali o trabalho está sendo bem feito e é uma rodovia segura, pois o número de mortes é pequeno.

Pequenos detalhes que “enganam” a fiscalização e que contribuem para que os acidentes continuem acontecendo. Pesquisando para essa matéria, encontrei esse artigo bastante interessante e completo, pois está relacionado, inclusive, com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), dado difícil de ser encontrado, pois todos têm receio de relacionar os acidentes e crimes ao fator sócio econômico e educacional.

“O Instituto Avante Brasil realizou um levantamento mundial sobre mortes no trânsito em 2010, estruturando um ranking comparativo dos dez países mais violentos. O levantamento, inédito, teve por base o relatório “Global Status Report on Road Safety 2013”, da Organização das Nações Unidas, que mostra o número de mortes de 183 países. Em relação aos que não disponibilizaram dados recentes, o total de mortos foi estimado por meio de uma análise regressiva, o que viabilizou com confiança a comparação entre eles.

Em termos absolutos, o Brasil é 4º país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria. É possível notar que essas mortes também estão intimamente conectadas ao IDH (índice de desenvolvimento humano), que, por sua vez, tem por base a educação, a longevidade e a renda per capita. Dentre os 10 países mais violentos do planeta não aparece nenhum do grupo do capitalismo evoluído e distributivo, fundado na educação de qualidade para todos, na difusão da ética e no império da lei e do devido processo legal e proporcional (Dinamarca, Suécia, Suíça, Coreia do Sul, Japão, Cingapura, Áustria etc.).

Nenhum dos 10 países comparados está no grupo dos que contam com mais elevado IDH (47, no total), com exceção dos Estados Unidos, que é responsável pela maior frota de veículos do grupo e do mundo. Apresenta, de qualquer modo, o menor número de mortes por 100 mil pessoas (11,4, contra 22 do Brasil).

Segundo o Datasus, em 2010, foram registradas 42.844 mortes no trânsito do Brasil. Esse número, atualizado em 2011, chegou a 43.256 mortes (o ranking, no entanto, foi feito com base nos números de 2010 de todos os países). Em 2014, de acordo com projeção feita pelo Instituto Avante Brasil, o número de mortes no trânsito estimado é de 48.349. Sendo assim, este ano, estima-se que ocorram 4.029 mortes por mês, 132 mortes por dia e 6 mortes por hora, ou seja, uma a cada 10 minutos. Próximo a datas festivas esse número pode ser ainda maior. Em 2013, só nas estradas federais, ocorreram 157 mortes no período do carnaval. Com o aumento da frota assim como do fluxo viário, os acidentes e mortes podem ter incremento.

O Brasil somente deixará de ser um país pobre, ignorante, corrupto e violento (também no trânsito) quando suas instituições essenciais (Estado/democracia, sistema capitalista, império da lei e do devido processo e a sociedade civil) deixarem de seguir a lógica do capitalismo selvagem, extrativista e concentrador, para se alinhar aos países do capitalismo evoluído e distributivo (Áustria, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Canadá, Alemanha, Coreia do Sul etc.), que contam em média com 5/6 mortes para cada 100 mil habitantes.” (Instituto Avante Brasil, PNDU, OMS, Datasus).

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