Observamos que nos últimos 15 (quinze) anos o trânsito brasileiro está cada vez mais intenso. Preocupação constante por parte dos órgãos que regulamentam o setor.
Conforme estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), nosso País ocupa o 4º (quarto) lugar no ranking mundial de acidentes de trânsito. Em média são 6,8 mortes para cada 10.000 (dez mil) veículos enquanto que na França a média é de 2,35 e nos Estados Unidos 1,93. Pelo estudo realizado, ao término de 12 (doze) meses somam aproximadamente 30.000 (trinta mil) mortes nas estradas brasileiras com um custo social aproximado de 10 (dez) bilhões de reais por ano (IPEA 2003).
A principal causa do número tão elevado de acidentes está o fator humano, pois sem ele o trânsito não existiria. Colocado assim, parece que o ser humano é o único responsável pela elevada estatística. Porém ele não pode ser analisado isoladamente.
O homem está em constante busca da satisfação interpretando as regras estabelecidas conforme a sua própria visão de mundo. Dentro da busca constante da necessidade de cada condutor, alguns obedecem às leis e outros as ignoram tomando atitudes em benefício próprio.
Nesse processo o veículo acaba se tornando uma espécie de arma para impor a superioridade perante os demais tornando, assim, extremamente agressivo. Com isso, a movimentação de todos os componentes que formam o trânsito vão se estabelecendo e acontecendo conforme a atitude e o comportamento do ser humano.
“Para Vasconcellos (1998), as condições do momento determinam o comportamento de cada indivíduo no trânsito. A cada situação dada, reações, comportamentos e atitudes diferentes se apresentam. Tudo depende de uma complexidade de fatos, ligados aos fatores de necessidades e interesses pessoais, diversificando esses comportamentos. Saber quais as causas desse comportamento agressivo se faz necessário.”
“Para Hoffmann, Cruz e Alchieri (2003), o homem ou a mulher ao volante é um ser humano que, além de uma série de aptidões, de uma personalidade, hábitos e atitudes definidos, possuem necessidades fisiológicas (alimento, sono, descanso), necessidades psicológicas e socioculturais (segurança, comodidade, auto realização, aceitação). O equilíbrio entre estas várias instâncias e necessidades e a capacidade para supri-las, superá-las ou adaptar-se a elas permitem o funcionamento psicofísico normal do indivíduo”.
A reação do ser humano é imediata quando sente que o equilíbrio está sendo ameaçada, reação essa que pode ser de adaptação ao meio ou de luta pelo espaço conquistado podendo interagir com agressividade.
Falamos constantemente em agressividade. O que seria uma atitude agressiva? Um comportamento agressivo refere-se a toda e qualquer ação que tenha como objetivo ferir o outro física ou verbalmente, resultado de sentimentos de frustrações e insucessos do indivíduo incapaz de lidar com a condição que ele se depara no momento ou que já o carrega de outras atividades mal sucedidas.
Cada ser humano tem um comportamento próprio conforme a situação, experiência de vida, escolaridade, nível socioeconômico, ideais, valores, cultura, que carrega para o trânsito mudando seu comportamento conforme suas necessidades e as condições apresentadas naquele dia específico influenciando notoriamente na sua forma de conduzir.
Tais atitudes, nada tem a ver com o trânsito em si. É algo que surge de dentro do indivíduo no momento em que ele se encontra impotente diante do caos instalado, seja do trânsito, da multidão, filas para o transporte coletivo e vários outros fatores que acabam influenciando para que, tudo que está acumulado dentro de si por outras razões, venham à tona na forma de agir agressivamente para com outrem.
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