Pouco se falam das calçadas das cidades com reportagens pontuais mostradas por algum veículo de comunicação em reportagens tímidas e sem nenhuma cobrança mais enfática para que sejam melhoradas as calçadas.
Existem as iniciativas bem tímidas por parte de estudantes de publicidade, jornalismo, arquitetura e urbanismo como a que aconteceu em São Paulo, em 2012, motivado por seis jovens estudantes batizado como Curativos Urbanos intervindo de modo diferente nas calçadas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O objetivo do projeto foi conscientizar a população e o poder público a respeito da situação precária em que se encontram as calçadas dificultando a locomoção e causando acidentes, muitas vezes de proporções graves.
Na cidade de São Paulo, a reação das pessoas, foi, no mínimo, curiosa. Os curativos foram feitos na Av. Paulista e ruas adjacentes. Monitorando os locais, foram constatados que por serem coloridos e bonitos (na forma de BAND-AID), alguns pedestres descolaram e o levaram para casa e outros, por falta de conhecimento, foram varridos pelos garis e colocados no lixo. Já outros descolaram onde estavam e colaram em outros locais que eles consideraram mais perigosos. Pelo olhar dos estudantes, as pessoas que deslocaram os curativos, entenderam a proposta. Resta saber se o poder público entendeu o recado.
A grande conquista do grupo foi, no entanto, a repercussão da ação que gerou reportagens em vários veículos de comunicação e discussões em rodas de amigos despertando, assim, um olhar mais apurado do poder público para o assunto.
É vergonhoso constatar que algumas cidades, sequer tem calçadas. Já que a responsabilidade da construção e manutenção das calçadas é do proprietário do imóvel, alguma coisa está errada, pois em algumas localidades a rua passa rente ao portão das residências. Alguém, nesse caso, está errando na construção. Ou a rua está fora de padrão ou o proprietário do terreno invadiu a parte reservada para a calçada.
De qualquer forma, falta fiscalização e a medida que o tempo passa, o provisório acaba sendo definitivo e quando se faz necessária a regularização acaba se tornando um embate jurídico pelo tempo decorrido e aí prevalece a força do poder público que precisa resolver a situação por causa do crescimento, avanço e modernização da cidade e dependendo do caso, vai onerar o erário público, pois haverá a necessidade da desapropriação seguido da indenização que esse ato requer, em pelo menos 90% dos casos.
As grandes metrópoles são os alvos mais constantes por causa do grande número de pessoas circulando e como consequência, a probabilidade de acidente é proporcionalmente maior, sendo maior também a deterioração do calçamento.
É comum verificar que em ruas muito íngremes, a calçada se torna uma escadaria com imensos degraus intransponíveis tamanha a altura (algumas ultrapassam os 0,80m). Isso acaba se tornando um problema não só de mobilidade humana não motorizada, mas de trânsito em si.
Os pedestres acabam arriscando a sua vida em detrimento das calçadas que são totalmente intransitáveis e são obrigados a substituí-los pelas ruas aterrorizando os condutores que por ali passam, levando um susto ao deparar com transeuntes pela rua, com grande probabilidade de provocar acidentes, o que está se tornando cada vez mais comum nas cidades com um trânsito mais pesado principalmente em tempo chuvoso e à noite.
É louvável que o poder público se preocupe com as pistas de rolamento para melhorar a fluidez do trânsito e com isso diminuir os acidentes provocados por veículos com tração animal ou motorizados. A fiscalização deveria se estender também para as construções irregulares.
Chamamos a atenção para que voltem os olhos para as calçadas numa tentativa de diminuir as dificuldades de locomoção daqueles que os já tem, para que estes não passem a fazer parte das inúmeras estatísticas existentes.
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