Choro chorado pra Paulinho Nogueira Quanta saudade antigaQuanta recordaçãoO toque pacienteDe tua mão amigaMe ensinando os caminhosCorrigindo os defeitosDando todos os jeitosPras notas brotaremDo meu violão Ah, como eu me lembro aindaCheio de gratidãoA hora entardecenteA nostalgia infindaNo modesto ambienteDa casinha da praçaE eu em estado de graçaDe estar aprendendo a tocar violão E hoje […]
Categoria: Vinícius de Moraes
Valsa do Bordel
Valsa do bordel Longas piteirasPerfumes no arRoxas olheiras Em torno do olhar Que brincadeira Fazer profissão Da mais antiga e Mais sem solução Discos franceses Tão sentimentais Velhos fregueses Com taras iguais Ah, quem me dera voltar para trás Sem sentir mais tanta solidãoE, de repente, entre tanto clienteLá chega o gostosãoE, incontinênti, abre conta […]
Soneto do Amigo
Soneto do amigo Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliações, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao lado Com olhos que contêm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado E como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humano […]
Soneto de Separação
Soneto de separação De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais […]
Soneto da Hora Final
Soneto da hora final Será assim, amiga: um certo diaEstando nós a contemplar o poenteSentiremos no rosto, de repenteO beijo leve de uma aragem fria. Tu me olharás silenciosamenteE eu te olharei também, com nostalgiaE partiremos, tontos de poesiaPara a porta de treva aberta em frente. Ao transpor as fronteiras do SegredoEu, calmo, te direi: […]
Não comerei da alface a verde pétala Não comerei da alface a verde pétalaNem da cenoura as hóstias desbotadasDeixarei as pastagens às manadasE a quem mais aprouver fazer dieta. Cajus hei de chupar, mangas-espadasTalvez pouco elegantes para um poetaMas pêras e maçãs, deixo-as ao estetaQue acredita no cromo das saladas. Não nasci ruminante como os […]
Velhice
Velhice Virá o dia em que eu hei de ser um velho experienteOlhando as coisas através de uma filosofia sensataE lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite.Nesse dia Deus talvez tenha entrado definitivamente em meu espíritoOu talvez tenha saído definitivamente dele.Então todos os meus atos serão encaminhados no sentido do […]
Insensatez
Insensatez Ah, insensatez que você fezCoração mais sem cuidadoFez chorar de dor o seu amorUm amor tão delicado Ah, por que você foi fraco assimAssim tão desalmadoAh, meu coração, quem nunca amouNão merece ser amado Vai, meu coração, ouve a razãoUsa só sinceridadeQuem semeia vento, diz a razãoColhe sempre tempestade Vai, meu coração, pede perdãoPerdão […]
Como Dizia o Poeta
Como dizia o poeta Quem já passouPor esta vida e não viveuPode ser mais, mas sabe menos do que euPorque a vida só se dáPra quem se deuPra quem amou, pra quem chorouPra quem sofreu, ai Quem nunca curtiu uma paixãoNunca vai ter nada, não Não há mal piorDo que a descrençaMesmo o amor que […]
Carta ao Tom
Carta ao Tom Rua Nascimento e Silva, 107Você ensinando pra ElizeteAs canções de Canção do amor demais Lembra que tempo feliz Ah, que saudade Ipanema era só felicidade Era como se o amor doesse em paz Nossa famosa garota nem sabiaA que ponto a cidade turvariaEsse Rio de amor que se perdeuMesmo a tristeza da […]