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Jornal A Gazeta do Acre

TRANSPORTE PÚBLICO x TRÂNSITO

Discute-se muito a eficiência do transporte urbano de passageiros em massa.

Flagrante é a discrepância de opiniões a esse respeito. O usuário do transporte coletivo discute o tempo de espera pelos coletivos e o respectivo tempo de viagem. Já os usuários de automotores particulares, defendem basicamente os mesmos temas, vias congestionadas e o tempo que se passa dentro desse congestionamento.

 

Quando se fala em tempo de espera por um coletivo, estamos entrando na área de planejamento desse tipo de transporte. Porque não aumentar o número de carros e como consequência diminuir o tempo de espera para se conseguir embarcar e seguir seu destino?

 

Os gestores públicos da área de trânsito e transporte sempre argumentam que aumentar a frota de ônibus não vai resolver como disse a Gerente de Coordenação de projetos da BHTrans, Raquel Gontijo ao jornal Hoje em Dia:
“Não faz sentido aumentarmos a frota, pois mais carros nas ruas significam maior disputa por espaço e, consequentemente, mais congestionamento. Nossa intenção é melhorar o transporte como um todo, diminuindo o tempo de espera dos usuários no ponto de ônibus. Com isso, conseguiremos nosso objetivo”.

Ora. Não é bem assim. Os corredores de ônibus em São Paulo, Curitiba e mais recentemente em Brasília-DF, foi extremamente bem sucedida, para o usuário desse tipo de transporte, com a significativa diminuição do tempo de viagem das linhas usuárias desses corredores. No entanto, para os carros de passeio que tiveram uma faixa da pista de rolamento segregada exclusivamente para os coletivos, a situação piorou e muito com mais congestionamento e mais tempo no trânsito.

Apesar de bem sucedida para os milhões de usuários do transporte coletivo em massa, para aqueles que utilizam o automóvel como transporte, virou um verdadeiro desastre e geraram acirrados debates entre políticos, sindicatos e outras categorias, cada uma defendendo seus interesses. Debate esse alimentado, principalmente, pelos donos de veículos de passeio que foram colocados em segundo plano em detrimento da priorização do transporte coletivo.

Esse comportamento é interessante. Assim como os gestores políticos, centenas e milhares de usuários de veículos de passeio que se utilizam desse meio para ir e vir, nunca, em momento algum, teve a experiência ou a necessidade de se locomover através do transporte coletivo.

Exatamente essa classe de usuários é que acha absurdo e inaceitável a segregação de faixas exclusivas para ônibus priorizando, assim, o transporte coletivo.

Em Nova Iorque, é comum ver o Sr Michael Bloomberg, multimilionário no seu terceiro mandato como prefeito dessa cidade, seguindo de metrô para a prefeitura todos os dias.

Em Londres, o ex-prefeito Ken Livingstone era visto dentro do metrô a caminho da prefeitura lendo seu jornal ou algumas de suas anotações.

O atual prefeito de Londres, Boris Johnson é sempre visto pedalando sua bicicleta para a prefeitura e é o responsável pela implantação de novas ciclovias pela cidade e mentor do recente sistema de aluguel de bicicletas.

Igualzinho aos nossos governantes que quando chegam ao estúdio para debate ou para gravar horário político, chegam com seu veículo oficial seguido de outro com um séquito de seguranças e muitas vezes com escolta policial.

Pergunto. Tem cabimento tamanha diferença de atitude?

Os cidadãos brasileiros deveriam perguntar, antes de votar, o que os nossos governantes têm de tão “especial” que os fazem tão diferentes dos outros três governantes das duas principais capitais do mundo que são tão “comuns”?

Como sempre digo e repito quantas vezes for necessário, enquanto nossos prefeitos e seus técnicos não tiverem a coragem e disposição para saírem de suas salas com ar refrigerado, cafezinho e água gelada e resolverem “andar” com os coletivos e verificarem os gargalos do trânsito que resultam nos grandes congestionamentos nossa situação não irá mudar em nada.

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