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Jornal A Gazeta do Acre

POLO GERADOR DE TRÁFEGO

Nos centros em desenvolvimento surgiram novos desafios para os técnicos em trânsito, meio ambiente e de outras áreas relacionadas à mobilidade e ao direito do cidadão de ir e vir.

São os pólos geradores de tráfego (nomenclatura do nosso Código de Trânsito). São os grandes empreendimentos imobiliários, shopping centers, universidades, centros de convenções, restaurantes e muitos outros que se deslocaram para fora do tradicional centro comercial especialmente para desafogar o local já saturado.

No ano de 2001, o DENATRAN divulgou o MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA O TRATAMENTO DE PÓLOS GERADORES DE TRÁFEGO. Pois bem. Isso é seguido? Talvez somente apenas alguns itens mais significativos.

Os transtornos causados por um empreendimento mal elaborado podem ser enormes não só no local, mas em toda a cidade provocando grandes congestionamentos com conseqüente aumento do consumo de combustível, poluição, danos ao meio ambiente, prejudicando a mobilidade do cidadão, diminuindo a segurança, etc.

Porque essa confusão aconteceria justamente nesse local que sempre foi um oásis para se viver? Simples. Normalmente o Poder Público concede a autorização para a instalação mediante pagamento de impostos e outras taxas necessárias seguindo apenas um procedimento burocrático. O problema se inicia exatamente aí.

Vou citar o exemplo da construção de um shopping em São Paulo. Ele seria inaugurado em 60 dias, mas a elaboração de seu projeto não foi executado em parceria com o Departamento de Transporte Público que é quem controla os Táxis, nem com o Sindicato dos Taxistas, nem com a São Paulo Transportes – SP-TRANS (gestora do transporte público coletivo do município) e ouviram o que foi mais conveniente da comunidade local. Entendeu-se somente com a Secretaria de Obras Públicas, pois sem o aval dela não teria autorização para construir (posso ter esquecido de mencionar algum órgão).

O shopping foi inaugurado sem baias para taxis, sem faixas de segurança para pedestres em locais adequados ou passarelas, se fosse o caso, sem recuos para parada de ônibus com os devidos abrigos e sem quaisquer medidas preventivas foi construído um estacionamento para três mil veículos. Estava instalado o caos. Sem sinalização viária adequada ou especialmente instalada para melhor orientação, sem parada para taxis que necessariamente estacionavam em qualquer local, para piorar a situação os ônibus continuavam parando em seus pontos pré-determinados antes da abertura do shopping (onde a logística era completamente diferente) e sem contar com os pedestres que começaram a circular em grande número pela localidade correndo sérios riscos de sofrer algum acidente. Isso aconteceu e foi noticia por muito tempo.

Na época da inauguração, recordo-me perfeitamente que o tempo de espera para entrar no estacionamento do shopping para 3.000 (três mil) veículos era de aproximadamente 3:30h e igualmente o mesmo tempo para se conseguir sair.

Passada a inauguração e a confusão armada começaram a pensar em linhas especiais para ônibus, paradas de taxis (quebrando inclusive parte do que havia sido recém construído para que fosse viabilizada a acomodação dos mesmos), passarelas, faixas para pedestres, reorganização da geometria e muitas outras providências que deveriam ter sido inicialmente tomadas na elaboração do projeto visto que era sabida de antemão que um shooping center é sinônimo de polo gerador de tráfego e por conseguinte aumento de circulação de veículos, pedestres e assim sucessivamente com suas devidas particularidades e necessidades a serem providenciadas pelo Poder Público. Enfim, todo esse rearranjo consumiu mais de 30 dias o que provocou um tumulto generalizado em todos os arredores do novo shooping.

Nos dias de hoje, considero esse tipo de problema reflexo do descaso total do Poder Público. A falta de entrosamento entre órgãos municipais, estaduais e federais é algo que chamaria de Tenebroso. Impossível me conter em dizer aqui, que quem dificulta esse entrosamento são, infelizmente, os DINOSSAUROS da nossa Administração Pública. E, pela vaidade de alguns, o óbvio: Quem sofre as conseqüências?

A população, naturalmente.

Como já dizia Chico Anísio, o povo que se exploda!!!!!

mn@naganuma.com.br

Twitter: @mtnaganuma

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