“A gravidade de um acidente não é uma relação linear com a velocidade, mas sim exponencial. Ou seja, a energia cinética aumenta muito mais do que a variação de velocidade. E é a energia do choque que provoca a gravidade maior ou menor no acidente”. (Lúcio Gregori – Especialista em Trânsito). Gregori explicou que no exemplo de um acidente com um carro seguindo a velocidade de 32 km/h, dos pedestres atingidos 5% morrem, 65% sofrem lesão e 30% sobrevivem ilesos. Se a velocidade aumenta para 48 km/h, 45% morrem, 50% sofrem lesão e 5% sobrevivem. Com o dobro da velocidade inicial, a 64 km/h, quando morriam 5%, agora são 85% de mortos e 15% sofrem algum tipo de lesão. “Ou seja, quando a velocidade dobra, os acidentes ultrapassam. Tem um efeito imenso na realidade”.
Não é necessário ser especialista ou engenheiro para perceber quer a redução da velocidade afeta diretamente na frenagem de um veículo seja ela motorizada ou não. Reduzindo a velocidade, a distância necessária para a frenagem e consequente imobilização total do automóvel é menor e com isso a possibilidade de causar um acidente também é menor. Portanto, diminuindo a velocidade, acidentes fatais ou graves com sequelas diminuirão bastante.
Os dados de acidentes causados variam bastante conforme as condições em que se encontram o pavimento das pistas de rolamento. Manutenção da pista, asfalto de boa qualidade, porosidade do piso asfáltico, condições climáticas como garoa ou chuva intensa etc.. Essas variáveis tem relação direta entre a redução da velocidade com o número de acidentes. Por isso, não podemos precisar a relação velocidade x acidentes.
Os especialistas descartaram a tese de aumento do congestionamento na cidade de São Paulo com a mudança nas Marginais Pinheiros e Tietê. Agora, os novos limites para o tráfego foram reduzidos de 90 para 70 km/h nas pistas expressas, de 70 para 60 km/h nas centrais e de 70 para 50 km/h nas vias locais.
“Parece que esse assunto virou alvo da fundamental importância dos paulistanos. Eu vou dizer, a grosso modo, o seguinte: a diminuição de velocidade não tem a ver, necessariamente, com congestionamento. Congestionamento é um fenômeno, velocidade máxima permitida é outro. Congestionamento não decorre da velocidade baixa ou alta, mas do excesso de veículos em relação à capacidade de uma via .
A velocidade alta que pode, inclusive, aumentar a probabilidade de um congestionamento. Quando um automóvel trafega em velocidade superior, introduz o que denominam de “perturbação” que, dependendo da capacidade da via, pode resultar em congestionamento.
Se você estiver na confluência do Cebolão com o rio Pinheiros, na pista expressa da Marginal Tietê, em direção ao Rio de Janeiro e quer pegar a via Dutra, saindo a 90 km/h e mantendo a velocidade, você leva 15 minutos. Se você for a 70 km/h, vai levar 18 minutos. Ou seja, três minutos de diferença”, exemplificou, também descartando que a decisão seria uma forma de desestimular o uso do automóvel na cidade” (Gregori).
Mais uma vez entra a falta de comunicação, ou seja, a educação para o trânsito. Se tivesse feito quinze dias de inserção de pequenos vídeos na televisão explicando o significado, a repercussão não teria sido tão grande. Os especialistas estão dizendo que a redução da velocidade nada tem a ver com a diminuição do congestionamento. Houve a diminuição de cerca de 15% na circulação dos automóveis que está refletindo diretamente no congestionamento. São os reflexos da crise, dizem.
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