Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, motociclistas representam metade das 153 mil vítimas internadas em hospitais da rede pública. De cada 10 leitos de UTI, quatro são ocupados por vítimas do trânsito e o mesmo acontece com 30% dos leitos dos pronto socorros. No cômputo geral, 25% dos internados morrem. O Número de pessoas com invalidez permanente em decorrência de acidente de trânsito saltou de 33 mil em 2002 para 352 mil em 2012 e número de morte de 46 mil para 60 mil no mesmo período. Levando em consideração o aumento da população, tempo decorrido (dez anos), aumento da frota de veículos, o nº de invalidez teve aumento muito superior ao de mortes. Isto é, o trânsito está matando menos mas deixando mais sequelados graves, o que não é nenhum consolo. Constatou-se que a embriaguez está em primeiro lugar e a falta do uso de equipamentos de segurança, principalmente o capacete, está em segundo.
Recentemente, o DENATRAN encomendou ao IPEA, executado com o suporte da ANTP e auxiliado pela Tecnométrica Ltda, um levantamento global dos gastos com os acidentes de trânsito.
Com base nas informações do banco de dados da Polícia Rodoviária Federal, considerada altamente confiável, e aliada ao rigor metodológico do IPEA, o resultado surpreendeu até mesmo o órgão que o encomendou.
Essa pesquisa chegou ao astronômico valor de 22 bilhões de reais anuais, ou cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Para chegar a esse valor o instituto se valeu de todos os gastos gerados pelos acidentes de trânsito, isto é, desde os danos materiais até os gastos com atendimento e prejuízos pela interrupção do trabalho. (dados:Revista Desafio)
Para se ter ideia do valor aferido, ela representa mais do que o total do orçamento do Ministério da Saúde.
O grupo dividiu a pesquisa em quatro componentes de custo: os associados às instituições, às pessoas, às vias públicas e aos veículos. Os associados às instituições quantifica o tempo que os policiais gastam para atendimento no local do acidente e deslocamento até a delegacia e/ou hospital. O segundo (às pessoas), foram aferidos os gastos com remoção, os cuidados com a saúde e gastos previdenciários. Também incluído nesse cálculo, o custo com a perda de produção por causa da interrupção temporária ou permanente das atividades da vítima. O terceiro (vias públicas), faz menção à recuperação do bem público danificado/destruído no acidente. E o quarto (veículos), foram contabilizados as despesas com danos materiais dos veículos, perda de carga e remoção dos mesmos do local do acidente.
Embora a pesquisa seja bem abrangente, inclusive com dados colhidos de médicos, vítimas, policiais e familiares entre outros por todo o país, alguns dados importantes acabaram ficando de fora.
Não foram contabilizados os danos ambientais como derramamento de carga tóxica em rios e lagos, o estresse pós-traumático causado pela perda de ente querido e pelo envolvimento no acidente. Esses dados que ficaram de fora da estatística, muito embora não se trate de envolvimento direto com pessoas, são tão valorosos quanto os que estão diretamente ligados a elas.
Vale ressaltar que o poder público tem sua parcela de culpa pela não capacitação dos centros de formação de condutores. Esses centros deveriam ser fiscalizados com maior rigor e serem exigidos a dar prioridade à direção defensiva. Existem recursos específicos para o Estado desenvolver programas de educação para o trânsito, essa verba não chega ao destino certo ou é desviada para outros fins considerados mais importantes.
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