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Jornal A Gazeta do Acre

MOTOCICLETAS – O CAMINHO SEM VOLTA

Hoje, dia 09/11/2013 é o Dia do Hoteleiro e Dia da Basílica de Latrão (o nome oficial é: Arquibasílica do Santíssimo Salvador e é considerada a “mãe” de todas as igrejas do mundo e está localizada na Praça Giovanni Paolo II em Roma – Itália. É a catedral do Bispo de Roma: o Papa). (Wikipédia)

Nem os rastros de tragédias e destruições deixados pelos acidentes de motos e o consequente impacto ambiental que ela causa, (pois ainda não foi criada lei que obrigue a motocicleta sair de fabrica com catalizador) são problemas ou algo que tenha efeito sobre a proliferação das motos no nordeste do Brasil.

Esse fenômeno não acontece só na região citada. Acontece na maioria dos estados brasileiros com exceção das regiões Sul e Sudeste. A região Sudeste que em 2007 detinha 43% do mercado, hoje está com 33% e a região Sul que em 2005 detinha 21% do mercado, hoje está com 12%. Dados que se assemelham hoje ao Norte e Centro Oeste.

Em compensação, no Nordeste a situação é completamente inversa. Dados compilados em 1998 sugerem que existiam aproximadamente 397.000 motocicletas em circulação. No mês de maio de 2013 foi detectado aproximadamente 3.500.000 motos em circulação o que significa um crescimento de 757% na frota desse tipo de veículo sendo que no País o aumento foi de 446%.

Essa epidemia está diretamente ligada a recente mudança no perfil econômico do Nordeste que acaba sendo uma “contradição econômica”, um contrassenso (nova grafia segundo o Novo Acordo Ortográfico) à realidade de determinadas localidades onde o transporte originalmente efetuado por burros cavalos ou jegues está sendo substituído pelas motos e em muitos lugares esses animais estão sendo simplesmente abandonados à própria sorte.

Muitos usam o termo “avalanche” que, diante das estatísticas do final de 2009, não é nenhum exagero. Em dezembro de 2009, segundo estatísticas, houve uma inversão histórica no mercado de veículos automotores de duas rodas no País. Os números oficiais da Fenabrave apontam que pela primeira vez o Nordeste assumiu a liderança de venda de motos com 33,3% contra 32,58% do Sudeste. Não sei ao certo se podemos dizer que houve uma inversão ou uma distorção por causa da diferença populacional. O Sudeste tem aproximadamente 27 milhões de pessoas a mais do que o Nordeste e em termos de poder econômico o PIB per capita nordestino é aproximadamente três vezes menor.

As estatísticas foram feitas em 2009 e é evidente que esse “pulo” não aconteceu exatamente nesse ano. Desde meados dos anos 90, o nordeste vem crescendo gradualmente até por causa da instalação de grandes indústrias, inclusive automotivas, atraídas pelos benefícios fiscais concedidos por alguns municípios.

Como consequência, o aumento de consumo está relacionado ao aumento de renda proporcionado pela oferta de emprego gerado pelas empresas que lá se instalaram visando a mão de obra mais barata aliado ao benefício fiscal.

Comparando o cenário do ano de 2000 com o de 2010, a região foi a única que ampliou seu percentual de consumo de moto no País. Passou de 28% para 36% enquanto que o Sudeste passou de 43% para 33% e o Sul de 21% para 12%, semelhante aos percentuais do Norte e Centro Oeste.

Como já citei em coluna anterior, as classes C e D passaram a organizar melhor seu orçamento familiar e assim conseguiram acesso ao crédito, que é o componente fundamental para entender o aumento desenfreado das motos na região Nordeste. Componente fundamental, porque 50% das motocicletas vendidas no País são financiadas e 29% através de consórcio.

Aqui entra um dado importante para entendermos um pouco mais sobre o transporte coletivo que está com a qualidade ruim a cada dia. As motos encaixam exatamente nas lacunas deixadas pelo precário sistema de transporte público coletivo que é utilizada, na sua grande maioria, por essa fatia da sociedade.

A solução econômica pessoal que a maioria dos nordestinos encontrou na facilidade de aquisição das motos, acabou se tornando um grave problema para a saúde pública e Previdência Social. (dados- Diário de Pernambuco)

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