É sabido que um sistema de transporte público eficiente seja ela gerida pelo poder público ou concessionada, sobre trilhos ou sobre pneus, com ou sem a integração entre eles, é a solução para melhorar e organizar o trânsito nos médios e grandes centros e como consequência a qualidade de vida da população dessas localidades.
Levando em consideração que a frota de veículos nos últimos dez anos dobrou chegando a 60 milhões de unidades, o impacto nas vias urbanas é visível no país todo. O Ministério das Cidades está ciente do problema, mas necessariamente precisa trabalhar com um meio termo entre incentivar e facilitar a aquisição de novos veículos e promover o aumento da produção da indústria automobilística e até mesmo a instalação de novas montadoras estrangeiras, pois ela é geradora de emprego e renda.
A solução está em ampliar as vias urbanas e melhorar o transporte coletivo, mas o investimento para melhorar as vias urbanas é muito alto, pois requer desapropriações que oneram muito o orçamento do poder público chegando a inviabilizar o projeto em certos casos. Abrir novas vias não necessariamente vai melhorar o trânsito, pois facilita o acesso de mais automóveis como rota alternativa que vai desembocar num “funil” em algum ponto.
O transporte sobre trilhos já está recebendo investimentos em algumas capitais do país que, segundo o Ministério das Cidades, deverá estar em funcionamento e com boa estrutura dentro de cinco anos. Para que isso aconteça, será necessário um esforço imenso entre os poderes públicos uma vez que acontecerá uma integração intermodal em que o transporte sobre pneus (automóveis, motocicletas, ônibus) comunicará com o sobre trilhos (trilhos, monotrilhos) e por sua vez com a bicicleta formando uma rede integrada que irá favorecer a população diminuindo o trânsito, melhorando o meio ambiente e como consequência a qualidade de vida.
Está exatamente aí o gargalo que irá retardar ou até mesmo inviabilizar projetos.
As empresas ligadas aos poderes públicos, não conversam entre si. Basta prestar atenção quando uma rua está sendo recapeada ou recebendo o benefício do asfaltamento nos bairros para perceber isso. Quando a via está pronta, bem asfaltada e bonita como um “tapete” como se costuma dizer, a empresa de água, gás, energia ou esgoto está lá para fazer reparos que estava agendada há muito tempo e abre um enorme buraco e faz, mal e porcamente, o reparo que com o tempo forma um desnível que poderia muito bem ser evitado. Deveria existir uma conexão direta entre os diversos departamentos para estarem a par daquilo que cada um irá executar e, se for o caso, interferir e mudar a agenda conforme as necessidades de cada uma.
Essa explanação toda para dizer que para acontecer uma integração intermodal, vai ser necessário que as empresas ligadas aos poderes públicos interajam entre si. Que os gestores conversem e apresentem suas dificuldades e diferenças para que não aconteça o que ocorre em quase todas as cidades onde o Metrô está em construção. A cada estação construída e pronta, faltam baias para ponto de taxis, recuo para parada dos ônibus e de automóveis particulares que vão desembarcar ou embarcar passageiros usuários do Metrô. Essa situação vai, inevitavelmente, congestionar o trânsito e causar transtorno para todos inclusive ao entorno num raio de, pelo menos, duzentos metros.
Passados muitos meses e milhares de reclamações, os técnicos se reúnem e chegam à conclusão de que é necessário fazer adequações. Quebra-se tudo que está perfeitamente pronto, destroem jardins e áreas verdes projetadas pelo próprio Metrô gastando mais dinheiro do Erário sendo que, se os acertos tivessem sido feitos quando da elaboração do projeto, todo o trabalho e gastos extras teriam sido evitados. Uma boa GESTÃO está passando longe dos poderes públicos.
www.naganuma.com.br mn@naganuma.com.br Twitter – @mtnaganuma